Dê um fim nos tiranos da era 2.0

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Nos últimos dias tenho observado um fenômeno interessante ocorrendo com cada vez mais frequência: reclamações a respeito de outros borbulham nas redes sociais. Claro que são mensagens cifradas e o outro acaba se tornando um ser imaginário. Ou, como brincam alguns, são mensagens que atingem qualquer um, menos o real destinatário.

É gente dizendo que as atitudes negam as palavras, que infelizmente nada será como antes, que os verdadeiros amigos são aqueles que te elogiam pelas costas e te criticam de frente (e não o contrário). É gente dizendo que é preciso ser mais transparente, é preciso se importar mais com os outros, é preciso ser você mesmo e não a cópia de alguém.

Entendo o desabafo e acho até que seja válido, mas de certa forma essas reclamações me levam a um questionamento: não estamos dando uma importância exagerada para o outro? Não estamos, muitas vezes, sendo guiados por ele? As atitudes (ou falta delas) dessa entidade que chamamos de outro não estariam tendo um peso maior do que deveriam?

Todos sabemos que é no contato com o outro que vamos nos reconhecendo como seres únicos. E isso acontece na infância, quando percebemos, a duras penas, que não somos um com nossas mães. Depois, a convivência com nossos pais, irmãos, avós, primos e amigos, vai moldando quem nós somos até que, na adolescência, explodimos como que dizendo: peraí que eu tenho direito de ser o que quiser! Mas chega uma hora, ou ao menos deveria chegar, em que o outro ocupa o seu devido lugar: o de convidado na nossa história.

Só que parece que tem gente se esquecendo disso. E, ao invés de colocá-lo em seu devido lugar, deixa o outro tomar conta de toda a sua vida. E ele, tirano, acaba ditando as regras em tudo. O que pensar, o que vestir, como agir. E o pior: o que sentir. E o que tenho observado muito, e tantas vezes em mim mesma, é como tem gente que baliza o que sente pelo outro!

Permitir que os seus sentimentos estejam atados a outro que não você é realmente ser marionete de alguém que, muitas vezes, você sequer tem em alta conta. É ser um fantoche de coisas, de situações que você realmente não pode controlar. Mas uma coisa com certeza você pode fazer: tirar o outro do poder.

Fácil não é. Mas se você deseja realmente ser alguém inteiro, completo e feliz, é mais do que necessário. Sempre que perceber que o que os outros fazem afeta você, pare, respire fundo e tome a decisão de ser o senhor da sua própria história. É o que sempre dizem por aí e que a gente parece nunca aprender: você não pode determinar o que acontece com você, mas pode determinar sua reação a tudo isso.

Então, fica aqui minha sugestão: aproveite esse movimento internacional de derrubada dos tiranos e derrube todos aqueles que o tem impedido de, muitas vezes, ser você mesmo. Aqueles que têm regido, de fora de você, o que você deve pensar, sentir ou fazer. Derrube a tirania do outro e decida, de uma vez por todas, ser regido por você!    

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