Só por hoje
1- Só por hoje, vou procurar viver unicamente o dia presente, sem tentar resolver de uma vez só todos os problemas da minha vida. Durante 12 horas posso fazer qualquer coisa que me assustaria se eu pensasse que tinha de fazer por uma vida inteira.
2- Só por hoje vou estar feliz. A maior parte das pessoas é tão feliz quanto se dispõe a sê-lo.
3- Só por hoje, vou tentar ajustar-me à realidade e não tentar adaptar tudo aos meus próprios desejos. Vou aceitar a minha sorte como ela vier e vou moldar-me a ela.
4- Só por hoje, vou tentar fortalecer o meu espírito. Estudarei e vou aprender alguma coisa útil. Não vou manter o meu espírito ocioso. Vou ler alguma coisa que exija esforço, pensamento e concentração.
Engraçado que, quando a gente lê o Só por hoje, parece tão simples, tão óbvio. Mas mais engraçado ainda é perceber que, apesar de achar isso, a gente acaba vivendo, tantas vezes, exatamente o contrário. A gente vive o amanhã, a gente vive o mês que vem, a gente vive todo esse ano. Ou melhor, a gente tenta viver tudo isso e acaba não vivendo coisa nenhuma.
E sabe por que isso acontece? Porque a única coisa que realmente posso viver é o tempo presente. O hoje, o agora. Quando tento viver o amanhã, o depois, o ano inteiro, acabo desperdiçando minhas energias e me frustrando, já que o amanhã será vivido em seu tempo, não hoje. Acabo elevando minha ansiedade à máxima potência, estressando-me também ao máximo e simplesmente me esgotando.
Só por hoje é, literalmente, uma dádiva. Quer um exemplo? Pra quem vive um momento de reeducação alimentar, pensar que é preciso controlar-se um ano inteiro, um longo período, é extremamente desanimador. Mas só por hoje é possível. Praqueles que precisam mudar velhos hábitos, pensar em fazê-lo constantemente é frustrante. Mas só por hoje é possível. Se você deseja passar em um concurso, pensar que deixará de lado sua diversão e terá que ficar focado nos estudos durante um longo tempo é desesperador. Mas só por hoje é possível.
O nosso mal é querer viver todas as eras e deixar de lado a mais importante: a do agora. É tatuar no braço o “Carpe diem” e esquecer de tatuá-lo na alma, no coração. É tentar antecipar tudo o que nos diz respeito e esquecer de respeitar a nós mesmo hoje, agora.
Só por hoje eu posso dizer não a algo extremamente delicioso sem ficar me martirizando por isso. Só por hoje, você pode acordar um tiquim mais cedo e ir correr no parque. Só por hoje você pode respirar fundo e não cair na pilha daquele mala do seu trabalho. Só por hoje você pode dedicar-se ao estudo daquela língua que você quer tanto aprender. Só por hoje você pode investir mais na sua relação, surpreendendo o outro.
Só por hoje volta nossos olhos pro momento mais importante da nossa existência: o agora. E alivia nossa bagagem do peso extra do amanhã, fazendo da nossa jornada muito mais produtiva. E, consequentemente, muito mais leve e feliz.
Por Renata Cabral
Texto originalmente postado em: Inventário
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