Pai
Ele é aquele que saía antes de você acordar e chegava muitas vezes depois de você dormir.
O que parecia ser o mais turrão do mundo mas que sempre se desmanchava com um beijo seu, você sendo homem ou mulher, afinal, pra beijar pai, indifere sexo.
É o chato que pegava no seu pé pra gastar menos, chegar mais cedo, cuidar dos estudos.
O que vira homem quando você nasce e vira menino quando você cresce.
O palhaço da festa ou o anfitrião respeitador e calado.
O que ama Rock and Roll ou o que bebe umas boas cervejas ao som de um bom sertanejo raíz.
Quem acende a churrasqueira, conserta o chuveiro, troca a lâmpada e senta na poltrona principal.
O que você às vezes nem sempre se importa e o que faz uma danada falta, quando falta.
Pai é muita coisa e talvez seja a 'profissão' mais difícil de ser exercida e entendida do mundo.
Segundo o Flavio Thadeu, ser pai é uma das atribuições mais fortes que um homem vivencia, pois a responsabilidade, o caráter, a ética, são enfatizados pelo exemplo de educador que é exercido, afinal, nossos filhos acabam se espelhando em nossas atitudes.
Para o Eliezer, ser pai é uma experiencia única, só se sabe sentindo. Muda tudo e o beijo e beijo vindo de um filho é algo sem descrição. A vida ganha novo sentido. Filho mora dentro do coração , e não sai do pensamento em nenhum momento.
Para o Gregory, ser pai é "das descobertas de uma vida, a mais surpreendente. Dos aprendizados de um ciclo, o mais proveitoso. Dos amores de uma existência, o único indelével."
E para fechar esse texto em homenagem a todos os pais, presentes, ausentes, vivos e para os que já descansam em outro lugar, vamos deixar o depoimento do Xitão, nosso diretor de arte, pai adotivo.
Vale sentir o gosto do que é ser pai através desse depoimento. Vale lembrar de agradecer aos nossos pais, nossa existência.
(Trilha sonora pra você ouvir enquanto lê...)
"Ser pai é uma fatia importante que faltava pra eu me tornar mais maduro.
É saber que existe alguém que depende e se espelha em você.
É se policiar para não ver seu filho cometendo atitudes erradas por ter se espelhado em você.
Sou casado há 12 anos e até 2 anos atrás não tinha filhos. Sempre ouvi falar de adoção, mas sempre vi como algo distante, bonito de se ver na TV. Mas, como somos egoístas... precisávamos completar nossa família. Deus não havia nos dado um filho biológico ainda, mas certamente o faria no momento certo. Decidimos então entrar no programa de adoção. Fizemos um curso, preenchemos um cadastro. Recebemos visitas. Bem, acredito que a impressão que tiveram foi boa. Depois de um ano nos ligaram. Minha esposa me avisa eufórica: " - Ligaram do Conselho! Tem um menininho! Perguntaram se queremos visitá-lo! Você quer? " Bem, eu disse prontamente: "- Sim!"
Fomos então ao abrigo. Incialmente nos contaram uma história muito triste, que quebrantaria o coração de qualquer um. Depois, ficamos numa salinha, ansiosos, aguardando a cuidadora daquela criança trazê-la. Foram uns dez minutos de espera que pareceram ser horas... "- Meu Deus, por que estão demorando tanto?" Olhei pela janelinha que dava para o prédio ao lado e vi, vindo pulando segurado pelas mãos da cuidadora, uma criança. Um menininho, pequenininho, 2 anos de idade recém completados. Mas para nós, ele acabava de nascer. Quando ambos entram na sala, eu e minha esposa, a essa altura trêmulos, olhamos para aquela criança agora tímida... confesso que na hora fiquei meio abobado, num emaranhado de sentimentos que nunca tinha vivido. Não sabia se eu queria realmente aquela criança por achar que não estava preparado. Mas, quando a Cristina se abaixou, abriu os braços e o menininho veio e completou o abraço... ela levantou com ele apertado no colo e disse numa voz que me fez lembrar minha mãezinha: "- Meu filho...! Vem aqui...!" Quase chorei. Não tive dúvidas, aquele era nosso filho. Foi como se o cordão umbilical tivesse acabado se ser cortado, e o médico estava entregando o filho nos braços da mãe. Meu primeiro contato com ele foi uma brincadeira de aviãozinho, que o vez dar um leve sorriso.
Visitamos ele mais 4 vezes, como manda a lei, para "adaptação", antes dos procedimentos seguintes que levaram 6 meses. Pedido de guarda provisória, guarda definitiva, perda do patro poder familiar da antiga família e finalmente, adoção.
Cancelaram todos os antigos documentos e eu, como qualquer pai, fui até o cartório e fiz a certidão de nascimento, com o nome que nós escolhemos, com o nosso sobrenome, tudo legal, dentro da lei.
Deus nos abeçoou, fez uma obra gigantesca na minha família com a vinda do Samuel. Ao contrário do que se possa imaginar, não fizemos isso por caridade. Não "pegamos um menino para criar". Geramos nosso filho. Não foi um favor pra ele, mas muito mais foi o que ele nos fez. Trouxe vida, alegria pra nossa casa. Não se passa um dia que seja sem que eu o abrace de manhã, dê um beijo e fale pra ele ficar com Deus. A reciprocidade dele é intensa, na mesma proporção. "- Pai, vai com Deus... manda um abração e um beijão pros seus amigos... se eu ficar o dia todo bonitão o senhor traz um bombom?" Esse é o combustível que me dá mais vigor toda manhã.
Se me perguntam: "- É a mesma coisa que se fosse biológico?" Eu digo: "- Sim, exatamente igual." Não tem uma noite que eu não o pegue nos braços e o coloque na cama, sempre antecipado por uma história que ele sempre insiste que eu conte, e depois, uma oração. Ao acordar, "no dia do filho" no sábado, ele pula na nossa cama e ninguém mais dorme.
Aprendi, sem cursinho, sem intensivão, ser pai.
O Samuel me ensinou muitas coisas nesse tempo em que estamos juntos, há quase três anos.
Deus não nos deu apenas um filho, deu pra mim um pai que estava guardado, não sei onde, dentro de mim."
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